25.4.07

Estava a Conchinha a enrolar os seus caracóis no dedo indicador, ao colo da Mamã. A Mamã apontando para a barriga olhou para a Conchinha e disse:
- A Conchinha já esteve aqui na barriguinha da Mamã.
A Conchinha ouviu tudo de olhos muito abertos e pôs-se a pensar...
- Deve pensar que sou xoné! Realmente! Na barriga da Mamã? Vou-lhe mostrar que já não tenho idade para acreditar nestas histórias malucas.
Assim a Conchinha muito seriamente respondeu:
- A Mamã também já esteve aqui na barriguinha da Conchinha! - disse enquanto apontava também para a própria barriga.

As crianças são uns animaizinhos muito engraçados!

23.4.07

Conheço-te tão mal mas conheço-te tão bem...

21.4.07

Máquina do tempo

Acho que me enganei, época histórica errada... Olho para ti e não me identifico. Estás podre e já não prestas. Desesperas pelo equilíbrio mas na verdade os teus dedos deslizam e estás tão perto, quase demasiado perto de cair. Tu és o falhanço completo e nós a meta da decadência mental. Risos de escárnio a ti são dirigidos e tu desvias o olhar sem compreender. Depois, vingas-te e surpreendes, matas, magoas, torturas. Quem outrora te achou frágil agora arrepende-se e teme-te. O Mundo, a Terra está a perder-se. Quem mais os culpados senão nós? Quem é que não pensa? Quem é que roubou o horizonte com os edifícios monstruosos? Quem trocou as carroças pelos carros e roubou o ar fresco a maresia ou a arvoredo? Quem matou?

O que faço eu nesta época? Quero ver o mar, as árvores, senti-los tão perto como se fizessem parte de mim. Quero passear pela floresta com um vestido até aos pés, descalça para sentir o que me rodeia. Quero ser o mais eu possível! Mas como é que posso? Com vocês aqui, sempre a julgarem-me, a dizerem o que está certo?
Estou na época errada. O mundo está podre, as pessoas estão podres, são uma imitação inútil de um outro alguém...

20.4.07

Sinfonia vagabunda


Os dedos movem-se rápidos. A pressa de alcançar as notas que a fuga arrasta. Sons deslocados que formam uma melodia perfeita, delicada mas estrondosa. Um ruído enfadonho quase imperceptível, sem o qual tudo descambava. Um ruído que é a base de uma torre que sabe o que há para além das nuvens. Um ritmo crescente que se confunde com o pulsar do nosso sangue. Constante mas sempre diferente. Acordes simples, acordes dissonantes. Sons vulgares e reboscados, inocentes e atrevidos... Melodias abusivamente ornamentadas, suaves ao ouvido. O ritmo abranda e tudo fica suspenso no nada.


Acaba (não numa cadência perfeita mas numa cadência inacabada), como se continuasse algures, sem ser ouvida. Num tempo e espaço indefinido, tal como um suspiro, uma ultima nota solta-se.

Sombras

Filas de pessoas. Hesitam, empurram, sufocam. Para onde quer que nos viremos há sempre alguém, fazem todo o espaço parecer minusculo. Marcham, empurram, caem, pisam e passam por cima.

Os chapéus pretos apertam os crânios e parecem ships onde são guardadas as informações de manipulação que os de cargos mais elevados lhes impingem. As gravatas asfixiam fazendo-os parecer enforcados inocentes das acusações do exterior. Os fatos da melhor marca para mostrarem o poder dominante. As pastas que guardam papéis escritos com coisas que só tornam a imaginação cada vez mais inexistente, apagam tudo o que é criativo. Marcas, taxas, propriedades, probablidades, acções, estatísticas, porcarias... Os sapatos que brilham constantemente, aos quais puxam o lustro todos os dias para dar a ilusão de que são mais altos, mais importantes. E o ar, arrogante, reprovador, resmungão. Sombras que por aí passeiam, cujo lema é a monotonia e a limitação.

19.4.07

Ladies and gentleman, we proudly present a picturesque score about passing fantasy...

To Love Everything. To Hate Everything. To Miss Everything. To Win Everything. To Lose Everything. To Want Everything. To Cry Everything. To Kill Everything. To Bury Everything. To Discover Everything. To Respect Everything. To See Everything. To Listen Everything. To Kiss Everything. To Bite Everything. To Mob Everything. To Stab Everything. To Help Everything. To Free Everything. To Breathe Everything. To Suffocate Everything. To Steal Everything. To Dump Everything. To Bleed Everything. To Imitate Everything. To Hit Everything. To Bring Everything. To Tell Everything. To Shut Everything. To Feel Everything. To Sing Everything. To Cut Everything. To Sell Everything. To End Everything. To Fuck Everything. To Damage Everything. To Drown Everything. To Save Everything. To Disturb Everything. To Play Everything. To Believe Everything. To Hug Everything. To Learn Everything. To Hide Everything. To Find Everything. To Break Everything. To Fix Everything. To Join Everything. To Fake Everything. To Try Everything. To Follow Everything. To Be Everything. To Hate Everything I Love.

Sono. Desconcentração. Aulas... aulas!
E uma Angel muito diferente :x

16.4.07

Abro os olhos devagarinho. Deixo as pestanas cortar o ar, como há tanto não era feito. Respiro lentamente, com medo de gastar o ar todo de uma vez. Começo a despedir-me dos sonhos que tive enquanto estive adormecida, todos estes anos. Sento-me no topo da minha mente e pergunto-me: "Que aprendi durante todo este tempo?" É certo que sei o que é o mimetismo ou como se dividem polinómios. Também sei estrelar um ovo e cortar folhas de papel. Aprendi as regras que devo seguir. Mas algum dia hei-de arrumar tudo isto numa gaveta poeirenta no sotão escuro. Como posso dedicar a vida à Ciência? Já está tudo estabelecido, não há espaço para eu própria agir. Quero poder chegar à aula de Matemática, desenhar no quadro a giz branco durante aqueles 90 minutos e no fim afastar-me, contemplar e dizer "Isto é como eu imagino a Estatística". Quero poder sair da aula de Português a meio da explicação da gramática e interromper a aula de Educação Física da outra turma no campo a saltar e a cantar até ficar fisicamente esgotada. Quero passar as horas de almoço a tocar baixo. Quero passar as aulas de Física e Química a escrever. E, por fim, na aula de TIC, entrar nos meus Espaços, onde há tantas páginas em Branco, e partilhar, com quem quiser ler, a minha imaginação.
Mas quando acordei fiz o mesmo que todos os dias. Entrei na aula de Matemática em silêncio, ouvi com atenção o professor de Português, passei a hora de almoço a observar as pessoas da escola, fiz os exercícios que o stor de Química mandou... nem sequer entrei nos Espaços! E aqui estou agora, a tentar mudar o mundo com simples palavras, abaná-lo um pouco, virá-lo ao contrário. Mas não sou capaz... uma única gota não forma uma onda num oceano tão gigante como este. Sou apenas uma lágrima chorada por alguém a quem, tal como a mim, foi legada esta vida, tentando ser uma boa menina para ir para o Céu.
I don't care, after all! Que me interessa a mim a opinião de alguém que nos criou à sua imagem sendo, ao fim e ao cabo, tão estúpido e ignorante como nós? E se deus é tão bom como dizem porque não impede a Humanidade de cair neste desespero sofocante? Se deus está em todo o lado porque não ouve os meus gritos de ajuda? Se deus existe porque não fala por si próprio? Não o acredito, não posso acreditar. Dirás que me contradigo se disser que apenas acredito no que vejo?! Eu vejo a abstracção dentro de mim, conheço as minhas criações e sei que a imaginação é o único campo que ainda não está esgotado. Mas como acreditar num deus justo que baseia as suas escolhas na cor da pele, na orientação sexual ou na nacionalidade de cada um? God is a fake! Desculpa se insulto mas é. É algo a quem atribuir o inexplicável porque somos demasiado fracos para o tentar explicar.
Se olho à minha volta vejo cinzento, ninguém quer tomar partido ou decisões, por mais fáceis que sejam, todos vivem em meio termo. Pois eu digo, vejo a preto e branco! Não há mais-ou-menos... É assim que escolho viver. E se me quiseres rotular fá-lo assim: sou "eu", a Angel. A menina que quando decidiu criar um blog era pita e nunca deixou de o ser! E mais uma coisa... parabéns!, chegaste ao fim.
Entras no teu quarto e bates a porta com força. Não percebes porque te sentes tão magoado, não percebes, e isso só te faz sentir pior. Nas paredes colaste posters de bandas como The Used, Bullet For My Valentine, Avenged Sevenfold e As I Lay Dying. És um adolescente típico. Refugias-te por detrás de roupas escuras e poses violentas mas não passas de uma criança que não percebe porque tem que ser assim. Na mesinha de cabeceira tens uma moldura com uma fotografia que mostra isso mesmo: tu e essa rapariga qualquer, a fazer um gesto obsceno que a tua mãe te dizia que é feio, mas com um sorriso doce e desprotegido. Sentes saudades dela, não sentes? Ajudava-te nestas alturas... Fazias login no MSN e falavas com ela, horas a fio. Tenho pena que se tenha ido embora. Quem te impedia de fazeres o que estás prestes a fazer já não está presente. Pegas na lâmina que ainda tens guardada debaixo do colchão. Já está a ganhar ferrugem, não a usas há tanto tempo. Olhas para ela misteriosamente... com medo... curiosidade... saudade. Destapas o pulso, deixando a descoberto cicatrizes antigas que ela ajudou a sarar. Encostas-lhe a lâmina e cortas-te... tão profundamente como nunca antes tinhas feito. O sangue começa a brotar e forma uma frase: Rest In Peace Helena.

Aliviou?

15.4.07

Ele sorri enquanto passeamos pelas ruas da minha fantasia, diz palavras gentis e vive na mesma casa poeirenta que o bicho-papão que me perseguia em criança. Passamos a ponte azul, por cima do Rio de Algures. Ele vive em mim tal como eu nele, os seus olhos castanhos são espelho dos meus próprios olhos. O cabelo cai-lhe até à altura das orelhas, talvez um pouco mais, depende da direcção do vento... Na última noite que estive com ele reparei que tem um furo na orelha, além das duas argolas no lábio. É alto e magro, a pele é branca como a neve. Tem um ar misterioso... exótico.
Naquele dia de que me lembro tão bem estávamos a ir para o ensaio da banda. Ele toca bateria e eu canto... É boa companhia nos dias em que me sinto tão só. Viro-me para o vazio e falo com ele.
E foi nessa primeira noite que acordei. Tinha adormecido com os phones nas orelhas, daí a banda. Sorri. Talvez ele desse um bom baterista. E adormeço outra vez...
Desta vez estamos numa sala de bilhar, ele joga, eu vejo. Gosto de passar assim as tardes com ele. Faz-me sentir mais eu e mais segura. "Gê..."
Gê, onde estás? Onde estás? Revela-te! Aparece dos meus sonhos... vem para onde te possa sentir, saí da minha mente escura. Não é lugar para ti. Vem para o meu mundo e volta a passear comigo por uma rua qualquer...

9.4.07

To Give

You're asking again, I told you before. The beautiful smile hides the troubled soul. Sad faces influence so easily, I already have enough of that inside of me. So funny... you're still around after all these years, ran away so many times always ended up here. Could not ask for a thing from you, all you gave me I afford to lose. You see... it's all too sad for me, it's too hard for me... to believe. It's too painful for me, it's so hard for me... to give. Too scared to jump, too dumb to fly. What side is stronger in this double-faced mind? I make lies all day to keep the pain away, God knows my sins are already too big to pay. Even the tears I forget the taste, maybe I should try to lick them off your face. And though I do try the best I can, you had to be me to hunderstand that.

Smile on. Hang on.
Sou rodeada por uma imensa multidão de pessoas mutiladas. Sinto-me só. A todas elas lhe foi retirada a única parte que lhes valhia. E passam por mim. Sem trocar uma palavra ou um simples sorriso. E lá vão, no seu negro desfile. A todas elas lhes falta a alma.
Naquele momento em que me sinto tão só, visto-me de branco e sorrio a quem passa. Mas isso apenas aumenta a minha angústia, à medida que passam por mim carregadas de olhares hostis e desconfiados. Nos seus lábios palavras ficam por dizer. Não me questionam e parecem sentir-se aliviadas ao voltarem ao seu passo habitual... apressado... metronómico... escuro.
Um novo mundo chama-me para o Infinito por detrás de todo o conhecido, tal como o sorriso inocente de uma criança a quem é dado um doce. E de repente não estou só. Alguém me sorri, do outro lado da rua. Alguém que se esconde por detrás dos seus cabelos negros como a noite. Alguém que me observa com uns olhos de um verde intenso, com um sorriso enigmático.
Não tento alcançá-lo. Finalmente posso mergulhar no doce sorriso do céu. Ninguém repara na rapariga caída na rua. Todos seguem o seu caminho.
Quanto ao anjo... nunca ninguém se apercebeu da sua presença a não ser eu.

xangelxofxsadnessx

P.S - não sei o que significa... saiu-me. E o xangelxofxdarknessx foi só para utilizar a ideia do David x)