20.4.07

Sinfonia vagabunda


Os dedos movem-se rápidos. A pressa de alcançar as notas que a fuga arrasta. Sons deslocados que formam uma melodia perfeita, delicada mas estrondosa. Um ruído enfadonho quase imperceptível, sem o qual tudo descambava. Um ruído que é a base de uma torre que sabe o que há para além das nuvens. Um ritmo crescente que se confunde com o pulsar do nosso sangue. Constante mas sempre diferente. Acordes simples, acordes dissonantes. Sons vulgares e reboscados, inocentes e atrevidos... Melodias abusivamente ornamentadas, suaves ao ouvido. O ritmo abranda e tudo fica suspenso no nada.


Acaba (não numa cadência perfeita mas numa cadência inacabada), como se continuasse algures, sem ser ouvida. Num tempo e espaço indefinido, tal como um suspiro, uma ultima nota solta-se.

2 comments:

RiTA said...

Que mais tenho a dizer para além disto? Gostei. Muito.

Fátima said...

a música é toda a fúria de sentir.